Você entrega a prova e sai com aquela impressão de que poderia ter explicado melhor a resposta da pergunta três de biologia? Ou de que deveria ter feito uma amarração mais precisa entre os argumentos da redação? Esse tipo de falha tem nome: dificuldade na organização do pensamento. Mas não se preocupe, há como aprimorar a forma de ordenar as informações. "O modo de organizar o pensamento é diferente para cada um. Alguns organizam melhor pensando, outros, falando, e outros, escrevendo", explica a coordenadora do curso de letras da PUC-SP, Mercedes Canha Crescitelli. "Mas o jovem tem de ter consciência de que organizar o pensamento é o momento inicial. Depois, tem de fazer rascunho, trabalhar o texto, trocar a ordem de parágrafos." A aprendizagem da linguagem, das formas de articular informações, acontece, segundo Irene Maluf, psicopedagoga e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, ainda na infância e na adolescência, dos sete aos 12 anos. "Essa é a época em que o organismo vai se inserir no mundo culto, tem energia para o conhecimento, curiosidade, observação. A partir dos 12 anos, o corpo começa a ficar voltado para o desenvolvimento das sensações, da sexualidade, há o crescimento dos seios, os hormônios mudam", explica a psicopedagoga. E é aí que mora o problema: quando a fase de desenvolver a sexualidade está no fim, chegou a hora dos vestibulares. "O corpo não estava voltado para novos conhecimentos com tanta intensidade, então chega ao vestibular depauperado. Se o jovem teve dificuldades de aprendizagem na área da escrita, elas vão transparecer no vestibular", diz Irene. "Se as dificuldades forem trabalhadas, é claro que o jovem vai superá-las. O esforço vale muito na atividade intelectual", pondera. Para Mercedes, além das dificuldades com a língua, um problema que pesa no desempenho é ter o que falar. "As dificuldades com o texto não se restringem a problemas textuais. Acabam envolvendo a falta de conhecimento prévio sobre o tema. É difícil ter alunos com muitas idéias e dificuldade de organizar. O contrário é o que acontece mais, os estudantes têm poucas idéias e não conseguem colocá-las no papel", afirma. Por isso a professora considera que ler jornais e revistas pode ajudar na hora de escrever a redação, por exemplo. "Ter domínio do assunto, discutir na escola ou com amigos é fundamental para organizar idéias. No texto, além dos argumentos, o vestibulando precisa levar em conta os contra-argumentos, fazer a discussão." Mais do que ter conteúdo, numa prova de vestibular o candidato tem de estar ciente de que tem um tema restrito. "Além da ligação entre as informações nos parágrafos e entre parágrafos, o estudante deve se preocupar em ser coerente com o que foi pedido."
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